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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Conto: A Beleza das Flores Mais Nobres - Parte I

Galera, escrevi esse conto há um bom tempo, vou colocá-lo aos poucos no blog. Espero que gostem.





A Beleza das Flores Mais Nobres (Parte I)

A pacata vila de Floralis já não era tão serena há pelo menos três dias. O condesto Marlos havia recebido uma carta de Escudamar, a jovem senhora Tianya Lomyr visitaria a vila em breve. A mensagem explicava o motivo: ela desejava ver o bosque das calistas, uma área plana nas montanhas locais, cheias de uma garbosa flor vermelha.

O velho condesto, já com sessenta anos, mancava de um lado para o outro na vila, o dia inteiro, apoiado em sua bengala rústica de madeira. Ele sempre se vestia com seu antigo traje militar branco e vermelho, e um casaco que o protegia do frio, na tentativa de mostrar imponência, mas o efeito era diverso, seus trajes lhe davam uma aparência rancorosa e decadente, embora ninguém arriscasse a comentar, pelo menos não diretamente. Marlos gritava ordens por trás de seu farto bigode cinza, cuspia ordens como para todos que via, a cidade tinha que estar em ordem para a chegada da senhora.

A aldeia inteira estava ansiosa com a visita de Tianya, filha do Senhor Castario Lomyr, senhor das terras que ficavam entre o Mar Revolto e as Montanhas Vermelhas. Floralis ficava bem ao norte das terras de Escudamar, ao sopé da Agulha Vermelha. Esse era o nome dado para a montanha que mais ostentava o bosque das flores calistas. Flores belas e altas, de caule da grossura de um dedo humano, que ostentam pétalas vermelhas e brilhantes, semelhante a finas agulhas escarlates. Poucos usos se dão a essa flor, mas sua beleza é muito admirada, por só se mostrar em regiões altas e frias, só existem nas regiões altas, como na grande Agulha Vermelha. O bosque fica em uma região plana na metade da montanha, e o velho Marlos já havia ordenado que homens fossem até lá para verificar se algum orc ou goblin andava pelo caminho. Essas malditas criaturas costumavam perambular por aquelas regiões há alguns anos, mas já não incomodavam de verdade, porém tudo tinha que estar perfeito para a nobre visita.

Muito se dizia sobre a senhora Tianya. Diziam que era a mais linda de todas as mulheres do reino. Alguns tinham certeza que ela era horrível. E, na taverna do Dente Caído, diziam, ainda, que ela tinha o peso de uma vaca, e que seriam necessários dez homens para carrega-la até o bosque. A maioria dos boatos coincidia em uma coisa, ela era uma mulher arrogante e orgulhosa. Isso fazia os moradores de Floralis querem que Tianya não ficasse lá por muito tempo. O próprio condesto havia saído da torre onde vivia para deixá-la lá. A velha torre era o lugar mais próximo de uma acomodação digna de um nobre, mesmo não sendo nada de mais além de uma antiga torre militar. Mas, mesmo assim, Marlos fez questão de deixar suas acomodações para Tianya, ele desejava agradar, não como um bajulador, ele pensava nisso como um dever. Enquanto durasse a estadia da senhora, ele ficaria numa estalagem da vila, com sua família.
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Oito dias depois da chegada da mensagem de Escudamar, a comitiva da senhora fora vista entrando na vila. Vinham em uma diligencia branca contornada por traços vermelhos, as rodas traseiras eram maiores que as da frente, as janelas cobertas por cortinas vermelhas. Os dois cavalos que puxavam a carruagem pararam com o sinal de um cavaleiro. Ao redor da diligencia vinham trinta homens armados com lanças e espadas em bainhas junto da cintura. Estavam todos vestidos com cotas de malha e trajes brancos com faixas tingidas de vermelho que lhes cortavam no peito e os braços. Vinham, ainda, quatro homens montados em cavalos, eles estavam com armaduras e elmos esmaltados nas cores da família Lomyr.

O grupo na rua principal da aldeia, diante do templo da fé do Círculo Dourado. Os aldeães olhavam curiosos, a maioria nunca tinham visto alguém nobreza maior que o simplório Marlos. O condesto também estava presente, ele estava acompanhado de sua esposa, uma mulher gorda, de cabelos negros e sorriso largo, e do seu filho, de dezessete anos, um jovem alto, com peitoral largo, e um porte orgulhoso, semelhante ao do pai.

O cavaleiro que sinalizou a parada desceu de sua montaria e foi até a porta da carruagem. Bateu levemente uma vez, e ela se abriu. Uma mulher, em um vestido azul, desceu. Ela tinha um rosto fino coberto por um longo cabelo negro, liso como o fio de uma espada, era Tianya, uma moça bonita, seu cabelo estava trançado e ostentava fios de ouro, ela tinha um sorriso desajeitado, e olhos cinzentos. Os aldeões se encantaram com o vestido azul que ela usava, era rodado e pomposo, um traje que destoava do ambiente grosseiro. Desceram da carruagem, logo depois, três aias, eram moças tão novas quanto Tianya e tão belas e elegantes quando a própria senhora.

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