Galera, escrevi esse conto há um bom tempo, vou colocá-lo aos poucos no blog. Espero que gostem.
A Beleza das Flores Mais Nobres (Parte I)
A pacata vila de Floralis já não era tão serena há
pelo menos três dias. O condesto Marlos havia recebido uma carta de Escudamar, a
jovem senhora Tianya Lomyr visitaria a vila em breve. A mensagem
explicava o motivo: ela desejava ver o bosque das calistas, uma área plana nas
montanhas locais, cheias de uma garbosa flor vermelha.
O velho condesto, já com sessenta anos, mancava de
um lado para o outro na vila, o dia inteiro, apoiado em sua bengala rústica de
madeira. Ele sempre se vestia com seu antigo traje militar branco e vermelho, e
um casaco que o protegia do frio, na tentativa de mostrar imponência, mas o
efeito era diverso, seus trajes lhe davam uma aparência rancorosa e decadente,
embora ninguém arriscasse a comentar, pelo menos não diretamente. Marlos
gritava ordens por trás de seu farto bigode cinza, cuspia ordens como para
todos que via, a cidade tinha que estar em ordem para a chegada da senhora.
A aldeia inteira estava ansiosa com a visita de
Tianya, filha do Senhor Castario Lomyr, senhor das terras que ficavam entre o
Mar Revolto e as Montanhas Vermelhas. Floralis ficava bem ao norte das terras
de Escudamar, ao sopé da Agulha Vermelha. Esse era o nome dado para a montanha
que mais ostentava o bosque das flores calistas. Flores belas e altas, de caule
da grossura de um dedo humano, que ostentam pétalas vermelhas e brilhantes,
semelhante a finas agulhas escarlates. Poucos usos se dão a essa flor, mas sua
beleza é muito admirada, por só se mostrar em regiões altas e frias, só existem
nas regiões altas, como na grande Agulha Vermelha. O bosque fica em uma região
plana na metade da montanha, e o velho Marlos já havia ordenado que homens
fossem até lá para verificar se algum orc ou goblin andava pelo caminho. Essas
malditas criaturas costumavam perambular por aquelas regiões há alguns anos,
mas já não incomodavam de verdade, porém tudo tinha que estar perfeito para a
nobre visita.
Muito se dizia sobre a senhora Tianya. Diziam que
era a mais linda de todas as mulheres do reino. Alguns tinham certeza que ela
era horrível. E, na taverna do Dente Caído, diziam, ainda, que ela tinha o peso
de uma vaca, e que seriam necessários dez homens para carrega-la até o bosque. A
maioria dos boatos coincidia em uma coisa, ela era uma mulher arrogante e orgulhosa.
Isso fazia os moradores de Floralis querem que Tianya não ficasse lá por muito
tempo. O próprio condesto havia saído da torre onde vivia para deixá-la lá. A
velha torre era o lugar mais próximo de uma acomodação digna de um nobre, mesmo
não sendo nada de mais além de uma antiga torre militar. Mas, mesmo assim,
Marlos fez questão de deixar suas acomodações para Tianya, ele desejava
agradar, não como um bajulador, ele pensava nisso como um dever. Enquanto
durasse a estadia da senhora, ele ficaria numa estalagem da vila, com sua
família.
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Oito dias depois da chegada da mensagem de
Escudamar, a comitiva da senhora fora vista entrando na vila. Vinham em uma diligencia
branca contornada por traços vermelhos, as rodas traseiras eram maiores que as da
frente, as janelas cobertas por cortinas vermelhas. Os dois cavalos que puxavam
a carruagem pararam com o sinal de um cavaleiro. Ao redor da diligencia vinham trinta
homens armados com lanças e espadas em bainhas junto da cintura. Estavam todos
vestidos com cotas de malha e trajes brancos com faixas tingidas de vermelho
que lhes cortavam no peito e os braços. Vinham, ainda, quatro homens montados
em cavalos, eles estavam com armaduras e elmos esmaltados nas cores da família
Lomyr.
O grupo na rua principal da aldeia, diante do
templo da fé do Círculo Dourado. Os aldeães olhavam curiosos, a maioria nunca
tinham visto alguém nobreza maior que o simplório Marlos. O condesto também
estava presente, ele estava acompanhado de sua esposa, uma mulher gorda, de cabelos
negros e sorriso largo, e do seu filho, de dezessete anos, um jovem alto, com peitoral
largo, e um porte orgulhoso, semelhante ao do pai.
O cavaleiro que sinalizou a parada desceu de sua
montaria e foi até a porta da carruagem. Bateu levemente uma vez, e ela se
abriu. Uma mulher, em um vestido azul, desceu. Ela tinha um rosto fino coberto
por um longo cabelo negro, liso como o fio de uma espada, era Tianya, uma moça
bonita, seu cabelo estava trançado e ostentava fios de ouro, ela tinha um
sorriso desajeitado, e olhos cinzentos. Os aldeões se encantaram com o vestido
azul que ela usava, era rodado e pomposo, um traje que destoava do ambiente
grosseiro. Desceram da carruagem, logo depois, três aias, eram moças tão novas
quanto Tianya e tão belas e elegantes quando a própria senhora.
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gostei das descrições, bem detalhadas =)
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