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quinta-feira, 14 de março de 2013

RPG (e a vida) não é GTA

"Hey, sabe aquele cara que acabou de matar e comer a alma de um dragão? Vamos roubar ele"
Imagine-se andando pela rua, voltando da padaria com pães quentinhos, de repente um barulho de borrachas corta o ar e você se vira na direção do som. De relance ainda consegue ver o momento exato que o ford ka foi praticamente atropelado por uma pickup. Qual a primeira coisa que vem à sua mente? "coitado dele... Bora lootea". NÃO.

Em Vampiro a máscara, você tem humanidade pra dizer quais códigos sociais humanos você ainda se apega. A ausência disso em outros RPGs não é a mesma coisa que dizer "ok, você tá livre pra fazer o que quiser". Na verdade, a ausência de regras pra humanidade assume que somos todos humanos e vamos transportar essas regras de boa convivência social pra dentro do jogo, por isso eles não precisam perder tempo explicando coisas como "mulheres engravidam, homens vão pra guerra, quem respeita as leis se fode, quem não respeita se fode mais ainda".

Jogar rpg te dá muitas skills, magias, armas, armaduras, um monte de poderes novos e novas possibilidades. Não é por isso que você agora pode sair por aí roubando e matando quem você quiser. Isso não é GTA. A mudança de paradigmas às vezes causa erros, jogadores se esquecem que no universo que estão jogando (seja espacial, fantasia medieval, mundo das trevas, ou algo bem realista) algumas coisas ainda são como na vida real. Na verdade a maioria das coisas ainda funcionam mais ou menos como na vida real. Os sistemas de RPG são só um pedacinho das coisas que ficaram diferente dentro de um sistema.

Não é porque você pode usar Ofuscação que você virou o homem invisível, não é porque você tem Força 24 que se tornou o Hulk. Seu personagem tem um senso de realidade próprio, ele tem características únicas e individualismos, como uma pessoa. Apesar de lidarmos o tempo todo com coisas irreais, não há nada que diz que você é um semi-deus ou super herói que pode fazer qualquer coisa que quiser sem consequências. O RPG é um jogo de interpretação, não de masturbação de ideias infantis.

Eu vejo esse tipo de coisa acontecendo o tempo todo, os jogadores se acham super poderosos e super confiantes e o mestre precisa colocá-los em seu devido lugar. Daí o jogo vira uma mini guerra entre mestre e jogadores. Daí começam picuinhas pessoais e brigas entre as pessoas por causa dos personagens. NÃO! Todos estamos aqui pelo mesmo motivo: diversão. Ninguém é inimigo de ninguém fora do jogo. São dois mundos diferentes.

Lembra dos conselhos do He-Man? Então, ele tava falando com você, jogador, pessoa, nerd, gordinho espinhento. Quando ele olha direto pra câmera ele tá quebrando a mágica de Greyskull e dizendo que aquilo ali é só um teatrinho, assim como o RPG, e que tem coisas mais importantes na vida que feiticeiras e esqueletos. Matar e roubar não é legal na nossa sociedade e, se ninguém disse nada, também não é legal no mundo que a gente tá jogando RPG.

Pense nisso antes de matar os policiais que te deram voz de prisão por causa daquele "pequeno assalto ao banco" e depois destruir metade de Nova York tentando se livrar da sentença. De novo. Uma hora ou outra você vai sofrer as consequências dos seus atos, seja culpa das merdas que você mesmo fez ou na mão do mestre. Ou da sua mãe ou da sua (ex) namorada. Cada ação gera uma reação. Você não manda no jogo, tem uma mesa cheinha de pessoas do seu lado que compartilham contigo a diversão.

Fiquem com os perigos da vida real:




2 comentários:

  1. Concordo com o teu post, Gustavo. Tinha um jogador meu que só pq era treinado em ladinagem, queria sair roubando todas as pessoas dos vilarejos que passava. Era ridículo a ideia, ainda mais pq ele era CB (caótico bom), ele podia roubar as vezes, mas qualquer pessoa? vetava sempre que ele tentava ai ele viu q tva fazendo merda e parou, ainda bem ahha

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  2. Cara... issi realmente eh um problema em mutas mesas... eu mesmo ja tive de lidar com esse tipo de jogador... o negocio eh conversar e botar os pingos nos i's antes que a situação fique critica.

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