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terça-feira, 30 de abril de 2013

Vale ou não a pena Rolar? - Abismo Infinito


*Primeiramente gostaria de pedir desculpas aos leitores do blog, pela falta de postagens nestas últimas semanas. Tivemos alguns contratempos, mas estamos tentando normalizar a situação.
Obrigado =)




Falaê Aventureiros e Nerdaiada!
Aqui é o Hobbit e hoje estou trazendo até vocês uma nova coluna neste blog. a Vale ou não a pena Rolar?*.
*Nome claramente inspirado na coluna do grande vlogueiro Zangado. Acessem! Vale MUITO a pena conferir!


Antes de começar a matéria em si, gostaria de saber de vocês, leitores do blog, se vocês preferem a matéria em forma de leitura no blog ou em forma de vídeo. Deixem suas opiniões nos comentários, e assim, no próximo Vale ou não a pena Rolar?, já teremos o formato oficial em uso!

Para estrear esta coluna no blog, vou fazer uma análise sobre minha última (e atrasada) aquisição.

Abismo Infinito





Criador: John Bogéa 

Editora: Retropunk

Tema: Horror psicológico espacial.

Conteúdo: 112 Páginas (21cm x 21cm - Couché fosco - Duotônico), 1 CD de Trilha Sonora, 1 Escudo do Mestre.

Quick Start: Link







Blábláblá desnecessário. Sério, pode pular esta parte se quiser!

Caaara... Sabe quando você conhece algo que te dá orgulho do cenário nacional? Foi exatamente o que senti quando li Abismo Infinito. Fiquei muito feliz em saber que este é um RPG 100% brasileiro. Facilmente ele bate de frente com outros RPGs (gringos) de grande qualidade.

Certamente estamos vivendo uma nova Era na história do RPG.
Eu sou da geração "D&D, D20, Gurps, World of Darkness, 3D&T e Daemon". Uma Era em que existiam apenas estes RPGs e pronto. Você tinha uma gama enorme de suplementos, mas se quisesse jogar alguma coisa, meu amigo, você era obrigado a escolher um destes (ou arriscar baixar algum rpg gringo não traduzido e treinar muito o seu inglês. Mas ainda assim, era raríssimo encontrar algum material que não pertencesse a algum destes).

Nos dias de hoje, com editoras como a Retropunk e a Red Box, cada vez mais, novos RPGs surgem trazendo novos universos, sistemas de regras, ambientes, e até mesmo formatos. É uma era em que o RPG se tornou algo muito mais acessível. Não apenas para os jogadores mas também para os escritores.

Mas vamos parar de blá blá blá, pq este assunto é para um outro post, e vamos falar sobre o fantástico Abismo Infinito!

ANÁLISE
Neste post eu trago até vocês a minha análise deste RPG. Uma visão do cenário, do sistema de regras e também do material físico. É uma análise muito resumida, com a intenção de clarear sua mente em relação ao consumo deste produto. Não estou sendo pago para isto, ralei muito até conseguir adquirir este livro, criei uma expectativa muito grande encima dele, e fui completamente surpreendido, pois ele vai muito além do que esperei.

Cenário:
Pegue um liquidificador, coloque os filmes da franquia Alien (incluindo Prometheus), A Origem, o game Dead Space, e o esplêndido curta de animação produzido por Katsuhiro Otomo, Magnetic Rose (este link possui o curta para assistir), bata tudo junto e se delicie!
O cenário deste RPG é uma mistura de tudo isto. 

- Possui uma atmosfera obscura de exploração espacial, terraformação, sono criogênico, motores de dobra espacial, computadores de bordo, ciborgues de suporte, construções alienígenas, formas de vida não racionais e o MEDO, assim como é possível encontrar nos filmes de Alien e nos games de Dead Space

- Há também o fator da forte realidade onírica (sonhos). Este fator é tão forte no jogo, mas tão forte, que há a possibilidade do narrador decidir fazer uma campanha inteira em que os jogadores estejam apenas sonhando. E assim como em A Origem e em Magnetic Rose, eles possuem camadas, e estas camadas refletem nas camadas superiores, podendo causar danos reais ao físico e ao psicológico dos personagens. À primeira vista pode parecer estranho para alguns, mas é algo muito bem trabalhado, e que pode render horas de entretenimento MUITO inteligente. Não há uma explicação concreta sobre o que causam estes "Sonhos/Alucinações" (sim, você pode sonhar acordado, e assim como durante o sono, seu corpo pode sofrer reflexos físicos em resposta ao sonho, aqui, você pode acabar matando outro personagem em função disto). Mas existem diversas teorias dentro do livro, que dão aos jogadores, a oportunidade de criar sua própria crença em relação a isto.

A idéia inicial é simples: A Terra não possui mais recursos suficientes para manter a atual população. É necessária a exploração espacial para a terraformação. Astronautas (neste caso, Argonautas) partem em uma viagem por toda a Via Láctea (sim, já que não rola nada no nosso Sistema Solar, vamos explorar o resto!) em busca de algum planeta que possa sustentar os terráqueos. Neste meio tempo são assombrados por alucinações e pesadelos perturbadores, capazes de deixarem os personagens completamente insanos.

Pode parecer clichê a início, mas eu passei isto de forma muito resumida. A idéia é muito bem trabalhada no livro.
Com esta viagem ao espaço, infinitas possibilidades podem alcançar os personagens. 

O cenário é muito sombrio e extremamente perturbador. Tente imaginar todo o horror grotesco de Silent Hill e implantá-lo na mente de seu personagem. Viver a agonia de não saber mais o que é e o que não é real. Viver um estresse psicológico infernal, que o deixe completamente paranóico. Enfim... é um RPG que te deixará provar o terror do vazio e viver o horror de seus piores medos.

No entanto, por mais que ele tivesse um potencial para ser um excelente RPG repleto de batalhas espaciais, este NÃO é um RPG de ação, e sim um RPG de Horror Psicológico. E isto é MUITO visível no sistema de regras.


Sistema de Regras: 
Simples. Isto descreve muito bem e dá ânimo a alguns mestres que, assim como eu, têm certa preguiça para aprender sistemas novos.

O sistema usa apenas dados D6, e as jogadas possuem um padrão único. O que facilita muito seu entendimento e funcionamento. As regras que variam a quantidade de dados a serem jogados, também se fazem muito claras e específicas. É difícil esquecê-las. A ficha é muito fácil de ser preenchida e não leva mais do que 10 minutos, se você tiver em mente alguns fatores da vida de seu personagem.

Este, ao contrário da maioria esmagadora dos outros RPGs, possui um sistema que qualquer jogador pode começar a jogar sem saber absolutamente nada do sistema. Não há "macetes" ou "combos" para se fazer na criação do personagem, não há nenhum tipo de regra específica para os tipos (classes/profissões) de personagens e nem nada parecido. O Mestre pode simplesmente explicar a rolagem básica de dados e o "para que serve" de cada coisa da ficha. Com o personagem criado, o narrador já pode dar início ao jogo sem maiores complicações.

A ficha não possui diversas características específicas (armas de fogo, esportes, força e etc...), ela é 80% aberta para escrever suas especificidades. Mas para delimitar suas habilidades, na criação do personagem, ao escolher a sua "profissão" (Xenoarqueólogo, Vídeomaker, Segurança, Médico e etc...), já fica subtendido que você é bom em tudo que diz respeito à sua profissão. Ou seja, um médico é suficientemente capaz de realizar todo tipo de procedimento médico, sem precisar de medir estas habilidades separadamente.

 Material Físico:
Sinceramente, eu me assustei com a qualidade do material. Eu achei que fosse encontrar um material que realmente me fizesse relacionar com um RPG "independente". Mas a realidade é outra.
O livro possui um formato muito bom (21cm x 21cm), é fácil de levar para qualquer lugar, possível levá-lo até mesmo em mochilas muito pequenas. Possui poucas páginas (112), diria que a quantidade perfeita para ele. Papel couché fosco (material bem profissional). A arte do livro é maravilhosa (criada pelo próprio John Bogéa). Possui uma pequena HQ no início, que traz a idéia de como é o RPG. O livro é inteiramente duotônico (em tons de azul). É ricamente ilustrado, o que faz com que o livro pareça menor quando se termina de ler. O escudo do mestre é simples, possui tudo que o mestre precisa para agilizar o jogo, e não é daquele tipo de escudo que se fica perdido no início. O CD de trilha sonora possui 12 faixas muito boas para criarem uma atmosfera sombria.

Notas:

Entendimento do Cenário: 8 
(inicialmente, a questão da exploração onírica pode ser difícil de ser entendida e usada) 

Entendimento do Sistema: 10 
(é claro, objetivo, dinâmico e preciso)

Arte: 10 
(ricamente ilustrado, a diagramação é excepcional. O que em conjunto, deixa a leitura muito agradável)

Diversidade de Criação de Personagens: 7 
(É um rpg com proposta muito direta. Ou seja, você obrigatoriamente é um argonauta. Você pode escolher sua área de atuação, mas ainda sim será sempre um argonauta. Não existem coisas como Qualidades & Defeitos e outros aspectos que podem deixar o seu personagem mais "único". O seu personagem neste jogo será único, levando em consideração o principal fator do RPG - a interpretação. - Alguns mestres reclamam com a falta de opções, mas para mim, este RPG TEM que ser assim. caso contrário, ele fugiria muito da proposta real.)

Material Extra: 8 
(O escudo é excelente. O CD é muito bom, mas poderia conter faixas um pouco mais diferenciadas. Todas as primeiras 8 faixas são muito semelhantes. O CD certamente poderia conter algumas faixas que deixassem o terror de lado e voltassem para o drama e a tensão)

Preço: 8 
(R$ 62,90 - Talvez seja apenas a minha opinião, Eu olhei muito pelo fato de vir com um cd de trilhas sonoras e que elas foram produzidas por diversas pessoas, olhei a qualidade do material e tudo o mais, mas... achei o preço bastante salgado. Eu não entendo muito da questão deste valor para publicação. Tenho uma noção de valores de gráficas e o material é realmente caro. Se for olhar "ao pé da letra" o livro sai caro sim. No entanto, se for comparar com títulos como O  Mundo das Trevas (Devir) - Capa dura fosca, com reserva de verniz, papel couché, 244 páginas, 210cm x 275cm - que possui o mesmo material de Abismo Infinito, mas é muito maior, possui o preço médio de R$ 55,00. Eu não sei se isto é um defeito da Retropunk (Rastro de Cthulhu - R$ 50,00 para um livro com capa de papel cartão é pedir demais), mas é a impressão que tenho de que ela cobra muito caro por seu material.
O Guilherme Moraes da Retropunk nos deu um feedback em relação ao preço. Certamente, independente de alguns acharem o preço alto, a qualidade do material é excelente. É um preço justo sim.

Geral:
(É um material excelente, independente do preço salgado em relação ao material físico, vale MUITO a pena - minha opinião)


Bom, meus amigos, este foi o primeiro "Vale ou não a pena Rolar?", espero que tenham gostado!
Se vocês acham que eu deixei de falar algo, se vocês adquiriram o livro, se alguém aqui já jogou, COMENTE =D

Não esqueçam também de opinar o formato do próximo "Vale ou não a pena Rolar". Vocês preferem em Texto ou em Vídeo?

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Acessem:
Kobold's Den
Retropunk 

Abração do Hobbit!


2 comentários:

  1. Bem, a questão do preço depende de vários fatores e a principal delas é a tiragem. Nesse caso, aqui há a diferença entre a independente e a grande. Enquanto a grande, como a Devir, imprimi 2. 3 5 mil ou mais exemplares de um título, nós trabalhamos normalmente com uma produção de 500 exemplares (as vezes apenas 200 para manter o livro em circulação). Fora isso, tem todo o custo de revenda que varia de 30 a 50% de desconto sobre o preço de capa, os direitos autorais, etc, etc... Por fim, a RetroPunk tenta manter o valor acessível para seus jogos, sempre minimizando seu lucro, mas tb não pretende arcar com prejuízos significativos ao disponibilizar o livro mais barato. :)

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    1. Guilherme, muito obrigado por dar esta satisfação.
      Eu sou publicitário, já tive contato com muitas gráficas, e realmente não me lembrei deste fator básico (quantidade). Olhando por este lado, vou mudar então a nota 6 para 8.
      obrigado!
      E independente disto, até hoje não me deparei com nenhum trabalho seus que me decepcionasse. São sempre excelentes! o que vcs estão fazendo pelo RPG no Brasil é um trabalho magnífico!

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